Monday, October 05, 2009

Pensei muito em você. (para o Nietzsche - meu amigo que eu nem sabia!)

"A vontade é impotente perante o que está para trás dela. Não poder destruir o tempo, nem a avidez transbordante do tempo, é a angústia mais solitária da vontade" Friedrich Nietzsche.

Hoje pensei muito em você,
em seus olhos negros
perdidos em um espaço etéreo,
divagando sobre o proximo passo,
vislumbrando um horizonte sem fim,
cheio de dúvidas, assombros, tristezas
e lindas memórias - doces e suaves.

Temos a mesma dor em nossa alma,
as mesmas pedras no caminho e
vivemos tentando extirpá-las,
suprimi-las, destitui-las de nossa existência e
sofremos a dor da ausência de forma parecida,
perecemos no abandono em que nos imaginamos
e buscamos em nossas lembranças
os rostos familiares, as vozes que gostamos,
os gestos simples e delicados
aos quais estamos habituados.

E ela nos faz muita falta porque nos protege,
nos acaricia, alimenta,nos motiva a continuar.
A falta que ela nos faz aflige nossa esperança,
desilude nosso coração que sangra e pulsa
cansado de tanta dor e tristeza,
exausto de tanta ausência
a ponto de não mais querer continuar.

Hoje pensei muito em você,
em nossas noites serenas
- quando nos entendemos
de uma forma que ninguém mais é capaz,
quando trocamos idéias e sensações
no mais absoluto silêncio do quarto, da vida, do mundo -

Pensei e continuo pensando
e não vou parar nunca mais
porque você é parte de mim
na dor lancinante que sinto agora
e na alegria de saber que daqui a pouco tudo vai passar,
que vamos estar juntos de novo - eu, você e ela -
juntos de novo
na simplicidade e obviedade da alegria
que sempre tivemos
e vamos ter de novo
e agora para sempre.

Hoje pensei demais em você
e espero que quando você lembrar de mim
eu seja como um par de asas que levem você de volta
para onde você quer estar.

...e vou estar lá esperando!

Thursday, October 01, 2009

Open Windows

(dedicado à minha filha Gabriela)

Da janela vejo a cena
feito um vídeo
- janela imortal da imagem -
refaço o cenário,
desfaço a visão;
da janela reviso a rima,
deleto a dor,
modifico a poesia através de janelas
em cascata,
renderizadas,
- cenas, versos, dores
em parapeitos suspensos
e vidros manchados
de solidão e suor.
Das janelas de ontem realizo o futuro,
referenciando ocorrências históricas,
arrependimentos,
visões magníficas
de pequenos progressos
e atrasos insignificantes,
revejo o microcosmo da vida celular
que habita meu corpo – celular –
e meu olhar distante
navega em mares enlouquecidos
que me trazem
- naufrago inseguro -
lembranças do que ainda não vivi.

Da janela observo o tempo
que passa,
imune a tudo que passa
e vejo,
em um plano aberto,
imagens em movimento
nas janelas que projeto
das sombras do edifício em ruínas
que construí ao redor
e começo tudo de novo
pois a felicidade é urgente
e abro assim novas janelas
para que esta entre e se instale
nas estruturas de aço
da reconstrução do espaço que é meu,
das janelas abertas da minha vida sem fim.