Friday, December 25, 2009

Em frente ao mar

deixar-se estar em frente ao mar.
sorver a maresia confusa
em minhas narinas
e devolver com meu silêncio
a poesia das palavras,
projetar ao infinito a saudade
que sinto de você
e a falta que me faz o seu sorriso
de menina e seus olhos verdes
de mulher.
deixar-se estar em frente ao mar.
navegar meus pensamentos
de forma imprecisa,
mastigar de boca aberta
a vontade de me atirar
e partir em meio ao mar,
chegar onde você está.
deixar-se estar em frente ao mar.
atiçar as chamas vazias
na escuridão dos meus sonhos
e mergulhar, imenso e feliz,
no obscuro das minhas memórias
solitárias e profundas,
recalcitrar a poesia imunda
em minha boca seca
em frente ao mar,
sangrar versos de mentira
cicatrizar feridas inoportunas
deserdar as crias das minhas neuras
e, de novo, versejar de forma pura
a ladainha das palavras que se repetem.
deixar-se estar em frente ao mar
sorver as incertezas das ondas
que reverberam meu desejo,
meu silêncio,
meu poema em frente ao mar.

1 comment:

Anonymous said...

Senti-me em frente ao mar, e em paz