Friday, March 30, 2007

SAUDADES (para meu pai, Ismael)

Pai,

Lembrei de muitas coisas vividas, também de grandes amigos que tive e hoje não faço nem idéia de onde estejam ou o que façam.
Senti muitas saudades de voces também, lembrei até dos finais de semana no clube...tudo era tão inocente e...bonito...principalmente pela simplicidade do que era tudo.
Eramos felizes de um pequeno jeito grandioso, que não cabia em lugar nenhum porque se esparramava por todos os lugares.
Eramos felizes...não tinhamos problemas e, mesmo assim, nos torturavam as provas da semana que vem, as garotas que não nos olhavam e pensávamos até em nos matar por uma delas.
Eramos felizes...as dores que carregavamos eram das pernadas do futebol, dos tombos na grama, eram fáceis, até gostosas.
Eramos felizes pois não tinhamos saudades, nem do que ainda não tinhamos vivido, tudo era só esperança, expectativa, uma ansiedade maravilhosa pelo dia seguinte quando as luzes se apagavam.
Hoje somos felizes, mas de um jeito triste.
Aprendemos muitas coisas, carregamos muitas coisas, sofremos demais e foram perdas demais.
Somos felizes de um jeito melancólico, comedido, porque aprendemos assim, porque vivemos assim.
Talvez sejamos felizes hoje mas, e amanhã? como estaremos nós?
Onde estaremos?
seremos felizes?

HÁ MUITO TEMPO QUE JÁ SEI NADA SABER...

...porém meu destino é poetar angústias barrocas em teus seios fartos
sou sem sons nem luz, amiúde a palavra inventa-se - forasteira,
precipita-se abismática, colore-se branca nuvem
e tudo é nada no centro dos meus olhos
que, é claro ! te olham por ti, sem fronteira...
Há muito tempo faz aquela madrugada já desvirginou...um pedaço de vidro
estilhaçado na janela cortou ao meio
o meio de um pássaro (preto)
(and never more I had eyes to see her
in the sky as a star,
and I've tried so much to be mine
what could never be, e você me deixou...)
Carece o tempo de mais tempo sempre e sempre não tenho tempo
de me fazer vento e em teu rosto
fustigar meus medos e bocas mil...
Mas a gente tenta todo dia, todo o tempo,
te grampeio a linha mestra
condutora de orgasmos multifacéticos em meu sexo
e instrumentos eletrônicos me torturam
com a potência do teu membro e do teu gozo
que me invade.
Sempre todos querem morto (a mim) - vivo morto -
e com meu sangue bebem o fel de cada dia
e, em um lapso, fica no ar o golpe fatal.
Essa máquina de me fazer olhos aflitos
não convence
esse coração vagabundo
e me transformo em borboleta
(metamorfoseio-me em instante)
quando tua rede de suspeitos suspiros
me invade e voa (vôo?)
Sou cidade vila bairro periferia
sou nossa saudade
a idade mídia e o marketing nas esquinas
pública idade impudica.
Há muito tempo já saber não faz falta
o que não se sabe de um passo fica na areia,
no entrepasso da contradança da vida
e teu espaço delimitado já não te deixa saída,
fica pouco, pequeno demais...
porém meu destino não tem destino!
( e jorra sangue dos teus seios fartos)

MIRA/MIRROR

Metamorfoseio-me instante em busca do teu corpo
que arde em palavras tipo chão calor viagem
e etcéteras mil...
Juro que, de repente, me reflito, mas não te amo
me amo
me sumo
te como,
mas como labutar em versos?

A tinta rola/escorre pelo orifício de um poro

esquisito - aquecido - esquecido.

Te sinto rememorar passados inesquecidos
onde são o que são
corações mãos pernas e dedos
e em teu corpo transpiro imagens,
me liberto o inseto em vôo
e lamento a guerra e a fome
vivendo em paz e de barriga cheia
nunca dispensando o vinho - branco -
como a incerteza que amanheça em mim...

Te sinto escorrer pelo vão dos dedos,
na barriga no umbigo pela coxa esquerda,
te sinto sob meus pés
me pisoteando em qualquer sarjeta lilás.

Solto as feras, as amarras
grito que me perde no espaço.

Que porra me pede a lua rebolando no reboco
da janela?

Meu rosto no espelho
são crateras que ardem em fogo (fátuo)
sob meus olhos se processam
mil reações químicas
e vomito nossa podridão na pia do banheiro.

UM MEDO

Receio que no meio dos


seios


da mulher amada


se


apunhale um punhal


de prata


e a areia da praia,


(tão quente e molhada)


fique manchada do sangue


(da mulher amada)


Receio que as virtudes
mais belas se transformem
e, assim,
elas se formem
em palavra
que um poeta qualquer
usaria em seus versos.

CONTEXTO

Ser Nunca Never Nunca

PÁRIA,

TRICHA BOCA,

Aphrodisia do teu travesseiro,

O medo esta na carne forte e quente
. Em tempo - suspiro ...

Não somos nunca nada
mas muito somos e
sempre aqui estaremos:-
- Tupiniquins outsiders penetras
as bichas loucas do teu quarto escuro...


Aqui sempre faremos
nossos versos cheios de vã esperança
e aguardaremos tranças da tua varanda.

O plural da vida
é sempre ser um
sempre sendo muito
e
principalmente
dois cada um.

( o que não vem ao caso
é a marca do meu cigarro barato...)

THE SAME WAY

A mãe
é mulher
que por força
do hábito
fez vida em seu corpo
e
gerou
a criança que eu fui.


A mãe que não tenho
é mulher
que esqueceu da criança
que fui
e da vida em seu corpo
(que era)
e deixou
tudo assim mesmo.


A mãe que não sou
me deixou
e
é tudo assim mesmo.

POEMA DE NADA

A
NOITE
É
UMA,


QUANDO VISTA DA JANELA

DO
ÔNIBUS
EM
MOVIMENTO,


E,
OUTRA,

DA JANELA DO APARTAMENTO.

enquanto uma passa
levando saudades
e deixando desejo,

a outra pulsa
incitando o desejo
e deixando saudades.

O
AMOR
QUE EU
SINTO
É UMA NOITE ESCURA
SEM CHANCE DE SER FELIZ.

(o problema do poeta
é sua necessidade de
metaforizar o óbvio.)

UM VERSO INCOMPLETO?

Lírico, na incansável busca
da palavra-chave que encerre
em si todo o segredo
da dualidade das coisas,
projeto no infinito alguns versos
sobre situações que defino
objetos de apreço e
de boas lembranças.


Entretanto o lirismo
me enfastia e enterro
o lirismo com versos
de cimento e ferragens.


Ao longo de alguns poucos anos
me imagino sem mais nada
sobre o que escrever e assim
fico horas sobre o papel,
caneta em punho,
degladiando-me com a poesia.


Todas as vezes que tento um poema
consigo, ao invés de poesia,
imagens confusas de tudo ao redor,


mas persigo o ofício

e tento de novo,

até que eu consiga,

de novo.

QUE SEJA ASSIM...

...se for por amor
que a saudade que eu sinto
seja tênue e rósea,
que meus olhos se turvem,
mas que seja por brilho,
que meus dedos e pernas
se contraiam,
sempre que eu ...

E se for por amor
que se faça a guerra
dos mundos
e que o mundo se acabe.

(como eu quero que acabe
toda a saudade que sinto).

Mas se for por amor
que tudo seja perdoado:

- O dente quebrado,

a voz que se cala,

o medo de tudo,

a garganta que grita,

o desejo de morte,

a tortura, (toda ela),

e a saudade que eu sinto.

...se for por amor
que sejamos felizes.

O POEMA CINZA


UMA
FLOR
NO
JARDIM
QUE
PEDE
SOCORRO.


UMA
FLOR
NO
JARDIM
QUE
SE
ABRE
E
SE
FECHA
E

QUE
PEDE
SOCORRO.


(o meu receio
é de não mais
ouvir
seu
pedido...)

SOCORRO!...

ÁTIMO DO NADA

Há um momento
no tempo do mundo
que as coisas param
e o tempo para
e,
nessa cisão cronológica,

plena ferida aberta
em
meio
ao
tempo do
mundo,

todo oposto também
é ódio e este ama também
e tudo assim se completa
e todas as coisas
são uma só coisa
e, neste momento,

sem tempo,

nem mundo,

temos a chance de ser feliz.


O que falta ao poeta,
fora o tempo
e
a
poesia do mundo?

THIS IS ALL I CAN SAY

(and what I really feel)

(Já) o que se era apenas...

tudo o que se era
feito em sonho
transmuda-se
em palavras,
plenas. claras,
que os lábios - nossos -
emitem,
porém, pelo que se sabe,
as horas passam e
a crueldade do tempo
desvanece imagens
grandes, fartas.


O ser mulher, no entanto,
é capaz de tudo
e vira o mundo,
muda tudo,
mas também se diga
que sofre e chora
o adeus, contudo.

JUST A DAY BEFORE ONE DAY

UM OUTRO DIA,


FEITO UMA MANHÃ


QUALQUER


DE UM OUTRO TEMPO,



O MEDO



ERA UMA PALAVRA


-APENAS-


MAS EU SOFRIA.

CONFISSÃO

que eu faça
meu poema apático,
apátrida ou impuro,
cloaca ou caneta
no canto da boca
pouco importa
a vertigem e o delírio
de amor verdadeiro,
o desejo,
o poético desejo-manhã,
pouco importa.


Não importa

se a saudade que eu sinto

fique muda ou agrida.


Mas que eu faça
meu poema sentido
do mais fundo de tudo,
mesmo que estéticamente

medíocre,

que eu faça meu poema
sincero
e que eu seja, sobretudo,
feliz.

ATO VI

Saio de cena
num rompante
trágico-hilariante
de palhaço mambembe.


(entristecido)


Deliro!

A platéia aplaude.

(A platéia não entende
o delírio e aplaude.)

Saio de cena e grito
mudo a cena toda hora
para satisfazer
todo o desejo sufocado.


Controlo a emoção
em meus dedos frágeis
e trêmulos.

Deliro!

A platéia aplaude a cena
e não entende nada de mim
e ainda pensa que eu sou feliz.

Saio de cena
e sonho (enternecido)
com os aplausos
da platéia.

MANY REASONS TO ONE REASON

Houve um brilho...
Por um momento dois olhos brilharam,
por um momento as coisas todas
foram muito mais que dois mundos,
duas vidas, dois espaços.


Por instantes faltou-me o chão,
amigo incansável de tantas quedas.


Por alguns instantes
tudo foi muito mais que dois,

-sendo simplesmente único.


(And I could understand
the meaning of everything)


Por um momento dois olhos brilharam
e agora eu já posso ser feliz,

(como há muito não soube ser),

simplesmente por ter sido único,
e, sobretudo, de todo sincero.


(I feel myself very good
'cause I have no reasons
to explain what I feel,
but I really do...)

SERIA UM POEMA

Sinto as dores
de amor do mundo
em cada verso
que escrevo,
sinto muito
a saudade toda,
toda ela
palavra
desenhada aos poucos,
dilacerando,
linha após linha,
o papel branco,
o pouco que ainda me resta.


A dor é a poesia
levada à sério.

(Muito mais!)

INVITATION TO DANCE

Luzes se acendem!

Olhos de águia pousam em meus olhos.

Cores claro-escuras se confundem
e é tudo negro aqui.

I used to be the little ugly duck
and then you appeared.

Luzes se acendem!

Devo ter esperanças?

Eagle eyes are green eyes,
and lonely.
( They must be this way to survive! )

Ainda as mesmas luzes se acendem!

Your body talks!

About what is your body talking?

Seus lábios se tocam
em outra música,
is this an invitation?

As luzes se apagam,
chove e a cidade é linda,
dorme, que a cidade é sua.

Would you like to dance?

RESSACA

A manhã invade o quarto
pela janela,
manhã clara, plena de sol - manhã,
que, em si, é um grande lugar
comum.


E bate nas paredes,
no assoalho frio e poeirento,


(-Acho que a manhã também acorda a poeira
que levanta e flutua,
dócil e organizadamente,
coçando em meu nariz.)


A manhã com sua hora certa,
planejada, instante após instante,
minuciosa,
que vai tomando meu país de assalto
que se assusta
e, por pouco, não chama a polícia.


O telefone toca. - Não sei se atendo.
Pode ser meu amor,
pode ser um problema,
quem sabe se não é a morte? - Esta eu não atendo.


E se for meu amor, que eu não entendo,
mas amo profundamente?


E se for a manhã? a manhã em pessoa
e impulso eletrônico,
avisando que vai se atrasar?

INCOMPLETO

é meio dia
meia hora,
meia vida,

estou cansado

das coisas do mundo

(da vida?),

é cedo ainda

e a descoberta do tempo passado

sozinho

deu-se à mais de uma hora.

mas ainda é cedo demais
pra que amanheça
um sorriso em meus lábios.

é meio dia,

meia-hora...

(e
meio-verso
é tudo que eu posso
escrever à você.)

SEUS DOIS OLHOS

SEUS
DOIS
OLHOS:-

enquanto um sorri e brilha
teu outro chora e apaga.

DISQUE SAUDADE

Rediscagem:

- Alô, relações eletrônicas!

Faz-se necessário
repensar a matéria-amor

e a matéria

instante.

A vida toda que se viva
como também objeto de apreciação
constante.

- A vida.

Repensar o critério-amor,
fases,frases,faces, (leds/diodos),
carícias e cantilenas
de toda noite sem fim
que não dorme (tranqüila).

É preciso começar,
tudo sempre de novo,
mesmo o poema,
a poesia toda
deve-se repensar
e quando o tempo se acaba,
irremediavelmente pensado,
o sinal ocupado...

-Situações eletrônicas!

E então a noite se acaba.

ATÉ A NOITE TOTAL

O céu azul da manhã brasileira
derrama uma espuma


Branca espessa Espuma


Jorra do céu da manhã
um gás que bruma.


Brilha
um ar que bolha à toa
e invade a manhã toda.


Envolve o corpo branco e luz da manhã
que goza raios de sol
e felicidade muita.
E goza a manhã brasileira,
mas passa o dia e a manhã passa,
a utopia universal de cada dia
também passa dia-a-dia
e a cidade frágil
da manhã passada
entardece à sombra pouca
que resta neste país
até a noite total.


Meu país esquece a manhã
plena,
esquece a poesia
até a noite total
deste país que não goza
e nem sabe a manhã
que tem neste céu daqui.

Thursday, March 29, 2007

SEM PRÉVIO AVISO

quanta dor ainda devo sentir além de toda a dor que a
vida me reserva?
quantos ainda verei chegar e partir sem prévio aviso, de sobressalto?
quantas mentiras ainda irei ouvir até que se calem?
quanto de mim ainda poderá sorrir até que se esgotem os motivos?
quanto de nós ainda estará aqui até que também partamos,
sem prévio aviso, de sobressalto?
tudo quanto eu possa quantificar é passível de dúvida.
quanto eu possa saber de tudo
não é nada posto que tudo é efêmero e vazio,
tudo é tão triste e pequeno, tudo é tão pouco para mim.que preciso tanto saber quanto de mim ainda resta...

SOMOS DOIS

e sendo assim
somos os dois
únicos e
parecemos parecidos
com nós dois
unicamente parecidos. até repetitivos somos
quando falamos tanto de nós dois que somos
tantos que não foram e que partiram de nós
e que vieram depois e que deixaram ficar um
pouco do tanto que de tanto fica tão pouco que
vira um só
e um não pode ser dois e
neste caso
tudo se acaba pois
sendo assim
se somos cada um
um
e se de dois somos
mais um
já são três que se misturam
a cada um e
se um a um já não se sabe
qual é cada um
então que não seja nenhum posto que nada somos.

RENASCER

outro dia
novo
novo dia
outro

são novos dias,
outros dias

ou uma puta vontade de mudar tudo?

CANNABIS

acendo a lanterna da noite
e sugo a fumaça
vazia
já não sei divisar horizontes
já não controlo mais a euforia,
acendo a lanterna -perturbo-
e sugo a fumaça
tardia
já não sei quanto tempo perdi
já não conto mais quantos dias.

uma luz que acendo na noite
e se apaga assim como eu sentia
me queima os dedos e a boca
mas me traz alguma alegria,

uma luz que acendo na noite
e se apaga um tanto quanto vazia
me queima os dedos e a boca
mas me traz qualquer fantasia

e se acendo a lanterna de dia
e acho que é noite
e esqueço a fobia
acendo a lanterna pra sempre
e perco assim toda a poesia.

Wednesday, March 28, 2007

HORIZONTE

translúcido azul
no céu se esvai
e eu não queria
o que se vai.

mas eu sabia
-e o medo cala-

mas eu sentia
-e o modo fala-

mas eu podia
-e não consigo-

mas eu perdia
-e já não quero mais-

é o azul
que se avermelha
e já não sei
se é dia que vem
ou é a noite que vai,
invade o mundo
entope tudo
e é azul
e se avermelha
ruborizado
laranja-fogo
desajustado,
cromatizado,
envergonhado,

mas é azul.

RÍTMICO

ritmo
passo passo passo
cadência
passo passo passo
pulso

passo pulso pulsar
posso pulsar passo
posso posso posso
pulsar

ritmo cadência pulso
posso pulsar cada passo
e passo em falso
posso pular neste abismo

passo pulso pulsar
posso pulsar passo
posso posso posso
pulsar

e também latejar em sua boca
meu sexo e gotejar meu semem
(que jorra) em sua língua vermelha
(que pulsa)

passo pulso pulsar
posso pulsar passo
posso posso posso
pulsar

mas não quero mais nada

(já que posso

também não querer)

CHEMICAL SOLUTION

processos tantos que convergem,
lamentos químicos que reagem,
quânticos insandecidos,
irrealizados,
silenciosos,
mal resolvidos.

E tudo é qualquer coisa que se possa
ser tanto que se queira
viver o tempo todo,

-o modo e a palavra-

que corta o vento
que mata o tempo
que curte a pele,
sangra o silêncio e
que também se cala.

processos tantos meio esquecidos
que voltam sempre que a voz se cala,
escondidos em sua altivez de processo
mudam o sentido da vida com que reagem,
e,
desinibidos
dão adeus

-recomeçando
a sina de ir-

DESABAFO


insano,
completamente absurdo

eu vou jogar meu coração na sua cara

- angustiado, intermitente, revoltado-

falar das coisas que eu tinha imaginado,

mas eu fiz do pesadelo uma navalha
e concebi uma palavra sem sentido
já desnudei o sentimento imaginário
e destrui o sonho compelido.

então cantei uma canção desajeitada
modifiquei o batimento compassado
desafinei um tom acima do passado
e já não sei o que fazer com o silêncio.

eu destrui o tempo todo condensado
martirizei tanto pecado cometido
me iludi a tal ponto - fracassado
e me tranquei para sempre - enfurecido.

as coisas tantas que eu dizia aparvalhado
desinibiam as coisas outras que eu queria
mistifiquei tanto segredo revoltado
e desfrutei do medo que eu queria

imaginei o nosso amor interrompido
e passei tanto tempo isolado
que eu já não posso resistir a tudo isso
e me entrego, totalmente desnudado.

isso quando o que eu mais queria
era um verso de amor
e estar ao seu lado