Os trilhos reluzem as luzes das lanternas do trem
que trilha um caminho torto em busca de não sei
onde.
Um dia você chamou de amor o que eu disse que era
só carinho e, então, você e eu fugimos,
cada um seu lado fuga, e, partimos, cada um,
porém sempre lado a lado,
fugindo como quem não tem pressa.
Um trem vive em seus trilhos e na raiz de seus
movimentos estanca o sangue dos minutos de atraso
de todo dia.
Naquele dia você disse ainda que não podia
um amor assim tão claro, confesso e declarado
ser tão mascarado e covarde e depois esqueci tudo
E aí você me volta linda e sorridente, várias
vezes, e, por duas vezes dessas eu soco sua cara
linda que sorri ainda e eu senti tão fundo
o amargo de seus dentes em minha carne podre
que quis morrer de novo em seus braços
(agora para sempre)
Passei anos da vida toda construindo versos
quadrados, redondos, hexagonais e patéticos;
mascarando palavras puras, transformando o amor
em sexo (só); iludindo o mundo eu, iludido,
escrevia versos pêlos anos da vida toda.
Você sorriu e seu sorriso falava...me atirava
na cara os dias difíceis, a revolta por tudo
que tem acontecido, por eu ter me tornado tão
fraco e poético, tão mudo e amargo,
tão cedo e tão tarde,
por eu ter me tornado tão merda e tão nada.
Já mais nada tem a ver ou a ser visto, que seja,
pois já mais nada importa, respostas, poemas,
palavras e sentimentos ao léo.
Já não há mistérios quando o sol se abre em fogo
e seus olhos cheios de mistério e desejo
(quando estes se confundem) brilham muito e assim
é que você sorri e já não tem mais nada além disso
e eu prossigo meu caminho de trilhos de trem.
Meu caminho à toa, metade passos, metade esperança
de andar; meu caminho é a cidade sem fim de um
mundo vazio.
A cidade metáfora que construi mundana e possui
pesaroso.
A cidade poema que realizei sem sucesso.
A cidade problema
de janelas e luzes oblíquas,
(as luzes mistério)
e exílio de mim em mim mesmo.
Cidade de corações vadios cintilantes.
Cidade patê " foie-gras "
feijoada baseado
em tudo a cidade suja - a viagem cidade
A cidade é o mundo, contudo é pequena
pra todo espaço que tenho.
E aí você foi embora e com você todos partiram
e então eu fiquei sozinho,
carente de amigos,
carente de amor,
eu e a cidade suja.
E aí acabei meu poema.
(Jul/90)
Friday, January 18, 2008
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