Sunday, December 23, 2007

“IN-CONCLUSIVO”

Conjectura-se a obviedade aparvalhada da condição humana
-inerte/esquizofrênica arte-
e relaciona-se o ostracismo social às técnicas obstétricas
e à psicologia pseudo educacional
transformando o imutável em moto-contínuo
o que é (?) a mesma coisa
ao mesmo tempo.
Porém, conjecturas à parte, o homem é o homem,
elemento translucido de liquefeita natureza,
seja cravado na pedra da cruz e mudo, absorto
no vazio da existência,
seja cantando versos concretos, absurdos,
plenos de pulmão e e vibracões sonoras.
Enquanto social e mente imperfeito
atua no sentido de aprimorar sua condição
e casa com a mulher que escolheu por acaso junto à um balcão de bar,
-(alguns alegam motivos vários, técnicas complexas, análises profundas.) - single.
E casa e quer a casa dos sonhos que são só dela e do agente financeiro
-(o homem questiona-se: ela e o agente ?)
A mobília o carro a casa quer tudo dentro no ato e ela só fala disso, no ato.
óbvio espanto - perplexo solar arfando
e nada muda ou tudo é igual...
A rua é a mesma, são novos carros, alguns amigos poucos.
Mas o homem é o homem,
eterna e vaga conjectura e são as luzes da sala que o despertam
É manhã!
E o homem
o homem acorda e abraça a manhã de ressaca.
E o filho na escola - dinheiro
o carro na oficina - dinheiro
a mulher na feira - dinheiro
É manhã e domingo!
O carnaval já passou
já passou a certeza
já passou tudo mais.
É manhã e domingo!
Toma café banho e cigarro - tudo calmo -
e sai à rua:
- O vizinho volta correndo, pássaros cantam,
há uma leve tensão no ar vazado pela luz
do que é sol
do que é medo
do que é vontade de ir.
E (se) o carnaval já passou
já passou
a vontade
e o homem
o homem volta
e dentro da casa - ninho -
o indivíduo é a célula do social dividido
e ressurge um pouco
a pouco
o tesão
e o homem
o homem grita
e a lágrima salta - incontrolável -
e se atira contra a janela fechada
dos olhos do homem
e quebram-se os vidros-retina
e pulsa a veia - vertente caótica
e jorra esperma da boca do homem e fertiliza o carpete
tantos e não sei quantos milimetros
e brota no meio da sala
- dos sonhos que são só dela -
uma árvore homem outro
que é o mesmo
seja cravado na pedra da cruz e mudo, absorto
no vazio da sala de não se estar,
seja gozando a felicidade plena,
absurda situação de homem,
cheia de solidão e mutações genealógicas imperfeitas.
Mas o homem
é o homem
e traz num canto obscuro da boca semi aberta
um gosto amargo de medo e revolta por tudo que é.
O homem
sacode a poeira
e escarra saliva fétida
- acúmulo de infelicitadas gerações -
E cospe no chão tanto medo e poesia
que dá vontade de começar tudo de novo
- pré balcão de bar
pós feto expelido
no mundo dos outros homens que são
tudo que não quis ser. -
E agora poder qualquer coisa que queira
e agora poder não poder
e agora acabar sua história,
bailar um tango de merda,
roer a unha da mão
olhar sua imagem no espelho
e concluir...

No comments: