Sunday, November 04, 2007

AOS NOSSOS FILHOS - (18/10/84)

Isto é que você não pediu nada
nunca minta a nuca gelada,
a madrugada te oprime/imprime e
você pesadelo minto desolado.
Todos juntos nós, cada um por si e só,
nunca minta voz !
minta imita a voz ativa,
ávida a via da vida aflita
que só carrega em tua Mão a estrela matutina,
ladina cadela puta sem dentes na boca
sifilítica.
A estrela vagabunda se sou sem sol maior
num bequadro sincopado a melodia barata.
Nessa pedra de caminho há um outro caminho
por entre nós, e, por entre as pedras no caminho
há outras pedras que não a tua velhinho
sozinho/sozinho de granito sentado na banca
de jornal feito estátua que é só o que você
sabe ser (sim/não).
Na tarde chove molha a boca do sal da tarde
latrinas de papel embosteadas
nuvens e poças de sangue
em nosso " artificial heart "
as janelas iluminadas inanimadas iluminadas
do edifício são pedaços, estilhaços sociais
na noite sem piedade,
os que caminham escarros dos sonhos diários,
são metáforas de poetas medíocres ao mundo.
No meio do fio começa um novo fio de uma outra
trama neste drama absurdo que vivemos em nosso
teatrinho de revistas.
Já somos muito antigos, já bebemos muito vinho,
já amamos demais e fomos "beats", narcisos,
"punks",essencialmente existencialistas, édipos,
"by the peace everything",marxistas capitais,
lost in Abbey Road na BR.116
e até hoje nada fomos além de sermos o nada,
sempre livres nas amarras do sonho, fomos elos,
metonímias, anagramas...

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